Hoy, un regalo especial. Este cuento (en adjunto) de Sophia de Mello,
A menina do mar, es de los más populares de la literatura infantil portuguesa. Cuenta la historia de una niña atada a la cams a causa del sarampión en un lugar idílico de la costa portuguesa. Por poco que podáis leer en la hermosa lengua de Sophia, la disfrutaréis mucho. A mandar

Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta,
sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia
um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores
brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos.
Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as
ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de
palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de
anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos,
grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e
macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes
passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e
já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente,
abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os
lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o
cheiro da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa
pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E
tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve
e feliz.
(...)